Quando ouve a palavra hipnose, é natural que surjam imagens associadas à hipnose tradicional — em que um hipnotizador, com voz autoritária, repete frases como “está a ficar sonolento…”. Esta representação, popularizada pelo cinema e pelos palcos, está longe do que se entende hoje por hipnose clínica.
Na prática, a hipnose clínica é o uso intencional da linguagem com fins terapêuticos. A abordagem tradicional recorre a sugestões diretas e comandos, o que pode ser eficaz para algumas pessoas, mas não para todas. Já a hipnose Ericksoniana — desenvolvida por Milton H. Erickson — utiliza sugestões indiretas, metáforas, histórias e convites à imaginação. Esta abordagem é geralmente percebida como mais respeitadora, agradável e natural.
Algumas pessoas são mais responsivas à hipnose do que outras, mas segundo a perspetiva Ericksoniana, todos podem beneficiar desta ferramenta. O que se promove é o uso criativo da imaginação num estado de atenção focada, que permite aceder a recursos, aprendizagens e experiências já armazenadas ao longo da vida. Nesse processo, a pessoa descobre novas formas de lidar com dificuldades e reconstrói a relação com o seu problema. A hipnose não se limita, por isso, à eliminação de sintomas, ela visa também o desenvolvimento pessoal, a autonomia e a resiliência.
A hipnose clínica pode ser útil em diversas condições psicológicas e médicas, como a ansiedade generalizada, fobias, perturbação de pânico, depressão, sindrome do colon irritável, dor e alguns problemas dermatológicos. Contudo não é uma panaceia. Nem todas as pessoas e nem todas as situações beneficiam da mesma forma da hipnose. A decisão de integrar esta ferramenta no plano terapêutico deve ser feita por um profissional de saúde qualificado, com formação específica na utilização e nos limites da hipnose clínica.
Importa esclarecer: a hipnose não é uma terapia em si mesma, mas sim uma ferramenta terapêutica. Deve apenas ser utilizada por profissionais de saúde devidamente credenciados, com formação pós-graduada em hipnose clínica obtida em instituições reconhecidas. Por isso, se está a considerar recorrer à hipnose, confirme sempre as credenciais do profissional. Verifique sempre a inscrição na respetiva Ordem Profissional (Psicólogos, Médicos, Enfermeiros, Médicos Dentistas) e verifique se a sua formação inclui, além da área de saúde que está a tratar, uma formação específica em hipnose clínica obtida numa entidade credível e reconhecida.
Evite ser tratado por leigos. Pessoas com formação superior fora da área da saúde mesmo que tenham feito cursos de hipnose, não estão habilitadas a tratar problemas médicos ou psicológicos.
A sua saúde merece profissionais competentes. Proteja-se — informe-se e escolha com rigor.